História

A inspiração...

Qualquer vida começa com uma mãe, qualquer história começa com uma vida. Assim, também a Maria Crescente começa com uma história cuja vida começa na sua mãe. 

Foi no domingo, 3 de novembro de 2024 em Fátima que tudo começou. Quis a providência divina que a semente deste projeto germinasse em terra sagrada, exatamente à entrada do Centro Pastoral Paulo VI. A participar no encontro dos 50 anos do Renovamento Carismático que decorreu nos dias 2 e 3 do referido mês, pela manhã de domingo fui procurar aconchego, por uns minutos, junto de Nossa Senhora na Basílica. De seguida, dirijo-me ao local do encontro, já muito perto da entrada deparo-me com duas mulheres que juntas seguiam o mesmo destino, eu cumprimento-as e subitamente uma delas corre para os meus braços cheia de lágrimas, de desespero, de aflição expressando a sua dor, a sua fragilidade, o seu limite humano. Tentando devolver-lhe algum consolo, no meio de um profundo abraço, acompanhei-a para o auditório ficando a seu lado ao longo do dia. Senti-me completamente impotente para dar uma resposta ajustada ao seu pedido. Entreguei-lhe a minha mão e a minha compaixão, mas a verdade é que interiormente vivi um momento perplexo de emoções, invadidas por pensamentos pouco objetivos sobre aquele momento tão comovente. Confesso que fiquei presa àquele acontecimento o resto do dia, sobrepondo com um relembrar de histórias de  muitas outras mulheres que comigo se cruzaram nos últimos meses. Partilhando o seu sofrimento psicológico e em alguns casos também físico, todas elas apresentando causas, contextos e vidas tão diversas. Na manhã seguinte, preparada para começar uma nova jornada, hesitei ao entrar no carro e voltei a entrar em casa, senti um desejo sedento de pedir ajuda a Nossa Senhora, dirigi-me à sala, peguei num papel e escrevi o seguinte: Minha Mãe do Céu diz-me o que posso fazer por estas mulheres? 

Imediatamente a seguir, uma paz interior tomou conta do meu ser e segui viagem para a Faculdade. Senti-me leve e isenta de responsabilidade sobre este assunto, pois tinha a certeza de que alguém teria uma resposta ao meu pedido. Durante um longo período do dia consegui dar lugar a outros pensamentos e desafios para que este pudesse voltar novamente e de uma força única durante a tarde. Estava eu a dar uma aula de Psicologia do Envelhecimento na qual grande parte dos estudantes são Guineenses, quando um aluno começa a partilhar histórias de mulheres sofridas e sofredoras do seu país e da sua cultura. Subitamente, fui visitada por este pensamento: não tenho dúvidas, vou criar uma associação para ajudar estas mulheres. A aula seguiu o seu percurso e no final eu parei nos meus pensamentos, vou criar uma associação que possa contribuir para melhorara vida de tantas jovens e mulheres vítimas de violência doméstica e no namoro. Pretendi, de  imediato que se tratasse de uma associação que ajude qualquer mulher independentemente da afiliação a um partido político, crença religiosa ou contexto cultural e social. Escolhi o nome Maria Crescente, Maria em honra de todas as mulheres e mães do mundo e Crescente porque quero que esta associação seja sempre o fermento do amor feminino, entregue a si mesma e ao próximo.  

A Maria Crescente pretende semear no coração o modelo de mãe e de mulher que eu conheci, em quem as virtudes da partilha, da entrega, da confraternização, da pureza, da simplicidade, da humildade, da paz e do amor encontraram lugar no seu coração. É com este modelo de mãe e de mulher que cresci e que quero partilhar através da Maria Crescente! 

A Criação da ONG

Esta organização surge não cronologicamente mas espiritualmente no meu coração em períodos muito distintos da minha vida, na qual houve o desejo de fazer algo em prol das mulheres, o que por consequência encaminha para o tema do empoderamento desta. Mas acima de tudo estar atenta e próxima dos problemas das mulheres tanto a nível nacional como internacional. 

A criação desta ONG tem por base acreditar que a situação vivencial de uma pessoa tem uma relação muito intima com o meio envolvente A saúde aqui é vista não só do ponto de vista físico, mas também mental e espiritual, nas suas múltiplas facetas. Como tal é tópico central desta associação o apoio psicológico, médico, jurídico e nutricional. Apostando fortemente em ações de formação de modo a moldar mentalidades e consolidar conhecimentos em temas femininos preponderantes. 

A Maria Crescente pretende ser um veículo de transformação social através da capacitação e empoderamento de mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade pessoal, familiar, profissional e social, permitindo através da educação e formação quebrar ciclos de fragilidade e vulnerabilidade que permutam de geração em geração. Capacitar uma mulher que se encontre em situação vulnerável não é apenas uma questão de justiça social mas uma questão de dignidade humana, contribuindo assim para uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais saudável. 

Maria Edite Oliveira, Fundadora e Presidente